A Sra. Lan tem 70 anos e mora com o filho mais velho e a esposa dele em uma casa espaçosa no centro da cidade. Durante o dia, ela costuma sentar na varanda observando o trânsito e, ocasionalmente, conversando com os vizinhos. Todos pensam que ela tem uma vida feliz e tranquila. Mas, a portas fechadas, a verdade é completamente diferente.
Sua nora, Sra. Hanh, frequentemente resmungava e reclamava que era “dependente” e que “a velhice só traz mais problemas”. Seu filho estava ocupado com o trabalho e frequentemente se mantinha quieto. A Sra. Lan quis ir embora muitas vezes, mas, como amava seus filhos e netos, suportou.
Certa noite, ela ouviu vagamente seu filho e sua esposa discutindo em voz alta:
– “Se a mamãe ficar aqui, quem vai pagar o asilo depois? Você tem que dar um jeito!”
– “Ou vender o terreno da cidade natal da mamãe para juntar dinheiro para cuidar dela.”
Ao ouvir isso, ela tremeu, seu coração doeu. Aquele pedaço de terra foi onde ela passou a infância e também o legado que ela deixou para seus filhos. Ela nunca imaginou que eles fossem tão calculistas.
Naquela noite, por volta das 2 da manhã, ela decidiu escapar. A porta estava trancada, então ela não teve escolha a não ser seguir a parede dos fundos. Com as últimas forças, ela tentou sair. Suas mãos tremiam enquanto ela se agarrava à beirada da parede, seus joelhos sangravam por causa das pedras, mas ela cerrou os dentes e continuou.
Ela não sabia para onde ir, apenas que precisava deixar o lugar que antes chamava de “lar”.
Ironicamente, naquele momento, um ladrão estava à espreita por perto. Ao ver a sombra da senhora idosa, ele correu para roubar a pequena bolsa que ela segurava contra o peito. Ela entrou em pânico e caiu na rua, no momento em que um facho de lanterna passou por ela – era o tio Tung, um vizinho dirigindo um caminhão para o trabalho mais cedo.
O Tio Tung correu para espantar o ladrão e ajudou a Sra. Lan a se levantar. Quando questionada, ela simplesmente engasgou e disse:
– “Não tenho mais onde ficar, tio…”
O tio Tung ficou chocado e imediatamente a levou para sua casa para descansar. Na manhã seguinte, a notícia se espalhou por toda a vizinhança. As pessoas foram à casa do filho dela para interrogá-lo. O filho empalideceu e correu para pedir à mãe que voltasse, mas a Sra. Lan se recusou. Diante de dezenas de pessoas, ela começou a chorar e contou toda a verdade sobre os dias em que foi menosprezada e a dor que sentiu ao saber que o filho planejava vender o terreno para cuidar de um “lar de idosos”.
O clima era de silêncio. Muitas pessoas não conseguiram conter as lágrimas. Seu filho caiu de joelhos e pediu desculpas, lamentando seu silêncio enquanto a esposa insultava sua mãe. A Sra. Hanh abaixou a cabeça, sem ousar encarar o público.
A história chocou toda a vizinhança. Todos estremeceram ao pensar nisso: uma mãe que havia sacrificado a vida inteira pelos filhos, na velhice, teve que pular o muro e fugir de casa.
Por fim, o filho decidiu levar a mãe de volta ao campo e reconstruir uma pequena casa no antigo terreno. Prometeu cuidar da mãe dali em diante e não deixá-la sofrer mais nenhum mal.
A partir de então, a Sra. Lan pôde sorrir em paz. E a história da noite em que a senhora de 70 anos pulou o muro e faleceu tornou-se uma lição de cortar o coração para toda a vizinhança – que a piedade filial não está apenas nas palavras, mas no tratamento diário dado aos pais.

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