Levei minha filhinha para visitar minha namorada e não acreditei no que ela encontrou no quarto dela.

Quando minha filha de quatro anos, Chloe, implorou para que eu saísse da casa da minha namorada Lily sem explicar o porquê, eu sabia que algo não estava certo. Sua vozinha tremia de medo, e a urgência em seus olhos era algo que eu não conseguia ignorar.

Mais cedo naquele dia, Chloe estava alegre como sempre, pulando pela casa enquanto nos preparávamos para visitar Lily. “Papai, eu preciso usar um casaco?”, ela gritou do seu quarto.

“Sim, Chloe”, respondi, pegando minhas chaves. “Está frio lá fora, lembra?”

Ela espiou pela esquina, erguendo seus tênis brilhantes. “Posso usar estes?”

Dei uma risadinha, balançando a cabeça. Chloe sempre foi cheia de energia e opiniões, mesmo na idade dela. Éramos só nós duas desde que a mãe dela, Lauren, nos deixou quando Chloe tinha apenas um ano. Aqueles primeiros dias foram difíceis — noites sem dormir, choro sem fim —, mas encontramos nosso ritmo. Chloe se tornou meu mundo, e eu fiz tudo o que pude para mantê-la feliz e segura.

Há três meses, conheci a Lily. Foi numa pequena cafeteria no centro da cidade, onde eu parava todas as manhãs a caminho do trabalho. Ela ficou atrás de mim na fila, seu cachecol vermelho me chamando a atenção. Uma piada rápida sobre cafeína e manhãs de segunda-feira se transformou em uma conversa de meia hora. Antes que eu percebesse, tínhamos planos para o jantar.

Lily era gentil, inteligente e tinha uma afeição que me fazia sentir como se a conhecesse desde sempre. Ela já tinha encontrado Chloe duas vezes e, embora Chloe às vezes fosse cautelosa com pessoas novas, parecia gostar de Lily. Ou pelo menos era o que eu pensava.

“Estamos quase lá, papai?” A voz animada de Chloe interrompeu meus pensamentos enquanto eu virava o carro na rua de Lily.

“Quase”, respondi, sorrindo para ela pelo espelho retrovisor.

Quando chegamos, Chloe engasgou. “Papai, olha! Ela tem luzes de fada!”

Olhei para a sacada da Lily. As luzes douradas cintilantes em volta do corrimão davam ao apartamento dela um brilho mágico. “Bem legal, né?”

Lily nos recebeu na porta com seu sorriso radiante de sempre. “Ei, vocês dois! Entrem — está congelando aí fora!”

Chloe passou correndo por ela e entrou no apartamento, seus sapatos brilhando enquanto ela girava em círculos. O lugar estava tão aconchegante como sempre, com um sofá amarelo macio, almofadas coloridas e estantes de livros nas paredes. Uma pequena árvore de Natal estava no canto, mesmo já sendo janeiro.

“Este lugar é incrível!” Chloe exclamou, com os olhos arregalados de excitação.

“Obrigada, Chloe”, Lily riu. “Você gosta de videogame? Tenho um console antigo no meu quarto que você pode experimentar enquanto seu pai me ajuda na cozinha.”

O rosto de Chloe se iluminou. “Sério? Posso tocar?”

“Claro! Siga-me!”, disse Lily, estendendo a mão.

Enquanto eles desapareciam pelo corredor, juntei-me a Lily na cozinha. O cheiro de alho e alecrim enchia o ar enquanto ela verificava a bandeja de legumes assados no forno.

“Então”, disse Lily, olhando para mim com um sorriso brincalhão. “Tem alguma história constrangedora sobre a Chloe que você queira compartilhar?”

Eu ri. “Tenho muitas, mas ela nunca me perdoaria. E você? Tem alguma história engraçada da infância?”

“Ah, toneladas”, disse ela com um sorriso travesso. “Como quando tentei redecorar meu quarto com cola glitter. Alerta de spoiler: glitter não sai das paredes.”

Nós dois rimos, mas o momento foi interrompido quando Chloe apareceu na porta. Seu rosto estava pálido e seus olhos arregalados, cheios de medo.

“Papai”, ela sussurrou, com a voz trêmula, “preciso falar com você. A sós.”

Agachei-me imediatamente até a altura dela. “O que houve, querida? Aconteceu alguma coisa?”

Suas mãozinhas agarraram meu braço. “Ela é má”, sussurrou, com a voz quase inaudível. “Ela tem cabeças no armário. Cabeças de verdade. Elas estavam olhando para mim.”

Pisquei, tentando processar suas palavras. “Cara? O que você quer dizer?”

“Cabeças de gente!”, disse ela, com a voz em pânico. “Temos que ir agora!”

Meu estômago deu um nó. Será que ela estava imaginando coisas ou havia algo com que eu precisasse me preocupar? O medo dela era tão real, tão cru, que eu não conseguia ignorá-lo.

“Certo, Chloe”, eu disse gentilmente. “Vamos.”

Peguei-a nos meus braços e, enquanto caminhávamos em direção à porta, Lily gritou: “Está tudo bem?”

“Ela não está se sentindo bem”, eu disse rapidamente, evitando seu olhar. “Vamos ter que remarcar o jantar.”

“Ah, não”, disse Lily, franzindo a testa, preocupada. “Me avise se precisar de alguma coisa.”

O caminho até a casa da minha mãe foi tranquilo. Chloe estava sentada no banco de trás, segurando seu coelho de pelúcia e olhando pela janela.

“Chloe”, eu disse suavemente, “você tem certeza absoluta do que viu?”

Ela assentiu com firmeza. “Eu sei o que vi, papai. Eles eram reais.”

Depois de deixá-la com a minha mãe, voltei para o apartamento da Lily. Não sabia bem o que esperar, mas precisava ver com meus próprios olhos.

Quando Lily abriu a porta, pareceu surpresa. “Já voltou? A Chloe está bem?”

“Ela vai ficar bem”, eu disse, tentando parecer despreocupada. “Mas, uh, posso dar uma olhada naquele console antigo? A Chloe estava curiosa.”

Lily ergueu uma sobrancelha. “Claro. Está no meu quarto.”

Com o coração batendo forte, caminhei até o quarto dela e abri o armário.

E lá estavam eles.

Quatro cabeças me encaravam. Uma estava pintada como um palhaço, com um sorriso torto e perturbador. Outra estava envolta em um tecido vermelho esfarrapado. Prendi a respiração quando estendi a mão e toquei em uma delas.

Era macio. Borracha.

Não eram cabeças, eram máscaras de Halloween.

O alívio me invadiu, seguido pela culpa. A imaginação de Chloe estava à solta, mas eu deixei o medo dela me levar até ali.

De volta à cozinha, Lily me entregou uma caneca de café. “Quer me explicar o que está acontecendo?”

Suspirei, passando a mão pelos cabelos. “A Chloe achou que as máscaras no seu armário eram… cabeças de verdade.”

Lily piscou e caiu na gargalhada. “Ela achou que eram de verdade? Meu Deus!”

No dia seguinte, Lily levou as máscaras para a casa da minha mãe para mostrar à Chloe que elas não eram reais. Com paciência e risos, ela ajudou a transformar o medo de Chloe em curiosidade.

Meses depois, enquanto caminhávamos pelo parque, Chloe agarrou a mão de Lily. “Mamãe Lily, podemos ir no balanço?”

Lily sorriu. “Claro, querida.”

O que poderia ter sido um desastre nos aproximou, provando que o amor e a confiança podem vencer até os momentos mais assustadores.

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