
Sou Lemuel, o mais velho de três irmãos. Sou filho de um agricultor. Cresci na pobreza, na fazenda, no suor e na lama. Mesmo criança, eu sabia como a vida era difícil e como nossa família era simples. Meu pai, Delfin, não concluiu os estudos. Tudo o que ele sabia fazer era cultivar a terra, plantar arroz e depender da chuva. Mesmo assim, considero-o a pessoa mais corajosa e forte.
Quando eu era pequeno, muitas vezes me provocavam. Diziam que eu era um “filho de fazendeiro”, sempre suando e cheirando a sol quando ia para a escola. Eu não era como meus colegas de classe, que usavam sapatos limpos e roupas novas. Às vezes, até zombavam de mim porque carregava uma bolsa velha que minha mãe tinha acabado de costurar. Mas eu aguentava tudo. A única coisa que eu tinha na mão eram as palavras que meu pai repetia sem parar.
“Filho, nós somos pobres, mas isso não significa que você precisa ficar aí. Estude. Seja paciente. Um dia, não vou te ver passando por dificuldades como sua mãe e eu passamos.”
Então, eu perseverei. Enquanto outros dormiam, eu estudava à luz de um lampião a gás. Enquanto meus colegas comiam baguetes deliciosas, eu comia pacientemente batata-doce ou banana cozida. E enquanto outros reclamavam da dificuldade da tarefa, eu contava as horas que tinha para ajudar no campo antes de poder sentar e estudar.
Muitos anos se passaram. Chegou o dia da minha formatura, um dia com o qual eu sonhava não para mim, mas para meu pai e minha mãe. Eu queria que eles vissem que todos os seus sacrifícios não tinham sido em vão.
Mas naquele dia, tive vergonha de admitir que estava nervosa. Com tantos pais de roupão e vestido, com carros e sapatos elegantes, meu pai veio descalço. Não porque quisesse, mas porque era a isso que estava acostumado. Estava acostumado com o chão, com a lama. Na verdade, nem tinha sapatos adequados para calçar. Tudo o que trazia consigo era seu corpo magro, uma camisa polo desbotada e um sorriso cheio de orgulho.
Eu vi as pessoas. Algumas ensinavam, outras sussurravam, outras balançavam a cabeça e outras riam dele. Senti vergonha. Senti a dor perfurando meu coração. “Por que ele veio assim?”, sussurrou um dos meus colegas.
Eu queria me esconder. Eu queria ficar com raiva. Mas me contive.
E chegou o momento, a parte mais importante. Um por um, os nomes dos alunos que receberiam seus diplomas foram chamados. O ambiente ficou em silêncio. Até que ouvi meu nome.
“Lemuel Santos, Summa Cum Laude.”
O salão inteiro aplaudiu. Levantei-me tremendo e então olhei para meu pai. Lá, vi seus olhos cheios de lágrimas. As pessoas que estavam rindo antes olharam para ele e agora também batiam palmas. De repente, as piadas pararam. O fazendeiro descalço que eles estavam olhando e insultando era o pai de um Summa Cum Laude.

Em meio aos aplausos, pensei: “Esta não é apenas uma vitória minha. Esta é uma vitória do meu pai e do meu pai. A vitória de todo o suor e esforço que ele dedicou só para que eu pudesse estudar.”
Quando subi ao palco, não consegui conter as lágrimas. E quando segurei o diploma, imediatamente olhei para baixo e procurei meu pai. Na multidão, ele ainda era o mais importante de todos.
Depois da cerimônia, aproximei-me dele, abracei-o com força e sussurrei:
“Pai, eu não teria conseguido isso se não fosse por você. Obrigada.”
Ele apenas sorriu, enxugando as lágrimas do meu rosto, e sua resposta foi:
“Filho, basta-me ver você aí parado. O diploma que você segura é o sapato que eu nunca tive. Esse é o sucesso maior do que qualquer outra coisa que eu tenha.”
Não são roupas, sapatos ou riqueza que medem o verdadeiro valor de uma pessoa. Às vezes, aquilo de que os outros riem é a razão da maior inspiração e sucesso. Os sacrifícios dos nossos pais, por mais simples que sejam, podem ser a base dos nossos sonhos. E, acima de tudo, o amor de um pai, mesmo que descalço, é maior do que qualquer elogio e honra no mundo.
Leave a Reply