MÃE DESMAIA AO LADO DE CRIANÇAS DORMINDO NO CARRINHO DE COMPRAS — MULHER POSTA A LEGENDA DELA ONLINE COM “PREGUIÇOSA”. NA PRÓXIMA VEZ QUE A VIU, SE ARREPENDEU PROFUNDAMENTE

Eu realmente pensei que estava sendo engraçado.

Tinha sido uma semana difícil no trabalho — meu chefe estava me pressionando, meu aluguel tinha aumentado e eu tinha acabado de ser ignorado por alguém de quem eu realmente gostava. Então, quando chegou sexta-feira, eu estava à base de sarcasmo, cafeína e aquele tipo de amargura que faz você rir das dificuldades dos outros em vez de sentir empatia.

Foi por isso que, quando a vi no supermercado, nem pensei duas vezes.

Ela estava caída sobre a alça de um carrinho de compras, completamente desmaiada. Seus cabelos caíam de um coque bagunçado, a blusa manchada com o que parecia ser ketchup — ou talvez papinha de bebê. No carrinho, duas crianças pequenas, provavelmente de três ou quatro anos, dormiam profundamente entre sacos de ervilhas congeladas e caixas de cereal, como se estivessem em um ninho improvisado.

Fiquei olhando. Então, sem dizer uma palavra, peguei meu celular, tirei a foto e digitei: “Enquanto isso, algumas mães simplesmente desistem da  🙄 #PaisPreguiçosas #Sério?”. Cliquei em postar antes mesmo de chegar ao caixa.

No começo, foi um sucesso. Alguns dos meus amigos riram. Uma pessoa comentou: “Ah, o mesmo tipo que vi semana passada. Provavelmente no celular o dia todo também”. Outros não acharam tanta graça — “Isso não é engraçado, é triste”, dizia um comentário. “Você não sabe o que ela está passando.” Revirei os olhos. As pessoas online estão sempre prontas para te atacar. Tirei a roupa e continuei rolando a tela.

Duas noites depois, o carma me encontrou. E ele era muito real.

Já era tarde, e eu estava no meu apartamento tentando ser saudável, pelo menos uma vez na vida. Eu tinha comprado um espaguete de abóbora porque, aparentemente, é o que as pessoas que têm a vida organizada comem. Eu não tinha ideia do que estava fazendo. Eu estava cutucando aquela maldita coisa como se ela me devesse dinheiro quando a faca escorregou. A dor me atingiu antes mesmo de eu ver o sangue, mas quando vi — ah, era muito  sangue  .

Peguei uma toalha e a enrolei firmemente na mão, murmurando “Seu idiota” sem parar, enquanto procurava as chaves. Não pensei. Simplesmente entrei no carro e corri para o pronto-socorro mais próximo, torcendo para não desmaiar no caminho.

Quando atravessei a sala de emergência, eu estava tremendo. “Cortei a mão”, gritei para a enfermeira da recepção. “É grave. Preciso de alguém… tipo, agora.”

A recepcionista mal se levantou. “Sente-se, alguém vai atendê-lo em breve.”

“O quê? Não. Estou sangrando aqui.”

“Você está estável. Por favor, sente-se.”

Eu estava prestes a fazer uma cena quando ouvi uma voz atrás de mim. Calma, baixa, quase firme demais.

“Você me reconhece?”

Virei-me, confusa. E então congelei.

Lá estava ela. A mulher do supermercado. Cabelo ainda preso num coque bagunçado, uniforme hospitalar em vez de camiseta manchada, mas aqueles mesmos olhos cansados. Só que agora eles me encaravam diretamente.

“Não?”, ela perguntou novamente. “Mercearia? Carrinho? Duas crianças?”

Abri a boca, mas não saiu nada.

Ela segura um tablet em uma mão e uma caneta stylus na outra. “Seu ferimento não representa risco de vida. Você será atendida. Só não agora.” Ela gesticulou em direção à sala de espera com a ponta da caneta e girou nos calcanhares.

“Espere”, eu disse, finalmente recuperando a voz. “Desculpe.”

Ela não se virou.

Fiquei ali sentado, com a mão no peito, a dor irradiando pelo braço. Mas a verdadeira dor era na barriga. Aquela mulher de quem eu zombava estava ali, andando pelos corredores iluminados por lâmpadas fluorescentes, provavelmente dormindo apenas duas horas, e ainda salvando vidas — inclusive a minha. E eu a chamaria de preguiçosa.

O médico me atendeu cerca de uma hora depois. Precisei de seis pontos. Não era uma situação de risco de vida, mas também não era nada. Fiquei pensando em como, mesmo magoado e em pânico, tive o privilégio de pedir ajuda. Enquanto isso, ela não teve um momento sequer para descansar na loja sem ser ridicularizada.

Quando cheguei em casa, retirei a publicação. Depois, escrevi um pedido de desculpas. Não um pedido de notas, mas um pedido de desculpas de verdade. Não a nomeei nem compartilhei a foto dela, obviamente, mas descrevi o momento e o que eu havia aprendido. Parecia… necessário. O mínimo que eu podia fazer.

Eu esperava alguma reação negativa, mas, para minha surpresa, muitas pessoas me agradeceram. Algumas até compartilharam seus próprios momentos de desconsideração e como haviam crescido. Isso não desfez o que eu havia feito, mas talvez tenha plantado algo melhor no lugar.

Algumas semanas se passaram.

Certa manhã, parei em uma cafeteria perto do hospital antes do trabalho. Estava esperando meu pedido quando ouvi alguém atrás de mim dizendo: “Oi”.

Virei-me e a vi novamente.

Ela parecia diferente — ainda cansada, mas menos assombrada. Segurava um café na mão, a bolsa pendurada no ombro. “Eu vi o post”, disse ela.

Eu não sabia o que dizer, então apenas assenti. “Eu falei sério.”

Ela me estudou por um segundo e então deu um sorrisinho. “Da próxima vez, é só perguntar se alguém está bem. A maioria de nós não está. Mas não precisamos ser provocados por isso.”

“Eu vou”, eu disse. “Eu prometo.”

Ela assentiu uma vez e saiu. Foi isso.

Mas algo mudou depois disso.

Comecei a prestar mais atenção. Não só online, mas em todos os lugares. Comecei a perguntar às pessoas se estavam bem. Às vezes elas dizem que sim, às vezes que não. Mas importava que eu perguntasse.

Vivemos num mundo onde tirar uma foto é mais fácil do que estender a mão. Mas aprendi, com muita dor, que fácil não significa certo.

Então, sim, eu pensei que estava sendo engraçado. Pensei que estava só postando uma piada. Mas acontece que, por trás de cada momento “de preguiça”, há uma história que você provavelmente não conhece — e, às vezes, essa história pode acabar costurando  vocês  de volta, pedaço por pedaço.

Se isso te faz pensar, mesmo que por um segundo, compartilhe. Nunca se sabe quem precisa do lembrete.

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