
Durante sete anos, meu vizinho e eu brigamos por uma estreita faixa de terra que dividia nossos quintais e quase arruinou nossas vidas. Então, certa manhã, ele moveu a cerca e sorriu como se nada tivesse acontecido, mas o verdadeiro motivo de sua repentina gentileza só me ocorreu semanas depois.
Sete anos.
Foi esse o tempo que Carl e eu brigamos por uma faixa de grama de um metro. Apenas um pequeno trecho de terra entre nossas casas, mas que poderia muito bem ser uma zona de guerra. Era a primeira coisa que eu via todas as manhãs e a última coisa em que eu pensava antes de dormir.

Uma propriedade cercada | Fonte: Pexels
Então um dia, ele simplesmente… desistiu.
Moveu a cerca de volta para sua casa como se não fosse nada.
Disse que teve uma “mudança de ideia”. Gentileza? Ou algo completamente diferente?
Tudo começou com uma pesquisa.

Uma mulher respondendo a uma pesquisa | Fonte: Pexels
A divisa original da propriedade era confusa. Registros antigos. Alfinetes perdidos. Tudo. Mas o mapa da cidade dizia que o terreno era meu. Carl não se importava. Ele alegava que era seu, já era dele há anos, e nenhum pedaço de papel lhe diria o contrário.
“Seu levantamento topográfico não significa nada”, ele me disse uma vez, de braços cruzados, mastigando um palito. “Essa cerca está lá desde 93. Essa é a linha divisória real.”

Um homem maduro e arrogante | Fonte: Pexels
“Desculpe, Carl”, eu disse, tentando manter a calma. “Mas a cidade diz…”
“Não me importa o que a cidade diz”, ele retrucou.
Esse foi o primeiro ano.
No terceiro ano, nós dois já tínhamos contratado advogados. No quarto ano, eu já estava colecionando fotos, carimbos de data e hora e cartas de inspetores.
Plantei uma fileira de arbustos uma vez, tentando marcar a linha com cuidado. Carl os cortou no dia seguinte. Nem olhou para mim quando o confrontei.

Uma mulher furiosa | Fonte: Pexels
“Que arbustos?” ele disse, com os olhos fixos no jornal em suas mãos.
No quinto ano, eu tinha uma data marcada para o julgamento. Ele apareceu com uma pasta do tamanho de uma Bíblia, cheia de fotos da cerca, fotos antigas de família e uma digitalização granulada de um mapa do bairro de 1987.
“A história importa”, disse ele ao juiz.
O juiz suspirou. Nada foi resolvido. Apenas mais atrasos. Mais custos.

Um juiz digitando em seu laptop | Fonte: Pexels
No sexto ano, desisti por um tempo. Eu estava cansada. Cansada de cartas. Cansada de sair e vê-lo me encarando enquanto regava seu gramado já verde demais.
Era como uma Guerra Fria suburbana. Silenciosa, mas constante.
Então veio o sétimo ano.
Era uma quinta-feira. Final de março. Frio, mas ensolarado. Cheguei em casa do trabalho e quase perdi. A cerca. Ela tinha se movido.

Uma foto de uma cerca | Fonte: Pexels
Uns bons metros atrás, em direção à casa do Carl. Bem na direção do que ele chamava de “sua terra” havia anos. Fiquei ali, olhando para ela como se estivesse vendo coisas. Carl saiu da garagem, limpando as mãos em um pano. Ele estava sorrindo.
“Reparou na cerca, hein?” ele disse, como se não fosse nada.
“Sim”, respondi lentamente. “Você mexeu.”
“Claro”, disse ele. “Achei que já tinha brigado o suficiente. Hora de deixar para lá.”

Um homem maduro sorridente | Fonte: Pexels
Pisquei. “Assim, sem mais nem menos?”
“Simplesmente assim”, disse ele com um sorriso. “Chame de oferta de paz.”
Eu não sabia o que dizer. Uma parte de mim queria agradecer. A outra parte queria gritar.
Carl? Desistir? De jeito nenhum.
“Ando pensando”, acrescentou. “A vida é curta. Quem quer passá-la em uma disputa territorial?”

Uma mulher perplexa | Fonte: Pexels
Assenti, ainda inseguro. “Bem… que surpresa.”
Ele me dispensou com um gesto. “Não faça alarde. É seu. Faça o que quiser com ele.”
E com isso, ele voltou para dentro.
Por algumas semanas, deixei-me aproveitar a paz.

Uma mulher desfrutando da paz | Fonte: Pexels
Plantei algumas flores. Coloquei um banquinho de madeira que eu estava guardando na garagem. Comecei a planejar um bebedouro para pássaros. Foi a primeira vez que toquei naquele pedaço de terra sem me sentir tenso.
Os vizinhos também notaram.
“Parece bonito ali”, disse a Sra. Finley certa manhã enquanto passeava com seu cachorro.
“Obrigada”, eu disse, sorrindo de verdade.
Mas algo parecia… estranho.

Uma mulher suspeita | Fonte: Freepik
Carl nunca foi do tipo que recua. Durante sete anos, cada centímetro daquela terra foi uma batalha. Então, quando ele sorriu e disse que “tinha mudado de ideia”, eu não sabia o que pensar. As pessoas não mudam da noite para o dia. Não Carl. Algo não parecia certo.
Essa sensação não durou muito. A chuva caía forte naquela noite. Lembro-me porque o som me acordou — alto, constante, quase como estática. Mas, por baixo, havia algo mais. Um zumbido baixo. Motores. Grandes.

Uma mulher assustada | Fonte: Pexels
Peguei meu robe e fui até a varanda.
Luzes brilhantes brilhavam através da chuva. Seis caminhões estavam enfileirados na entrada da garagem de Carl. Não eram caminhonetes. Eram veículos de construção de verdade. Barulhentos, pesados, largos o suficiente para ocupar a rua inteira.
Fiquei ali, descalça, com o robe grudado nos braços, tentando entender tudo aquilo. Um homem de colete amarelo saltou do primeiro caminhão. Ele olhou para mim e sorriu.

Um trabalhador da construção civil | Fonte: Pexels
“Bom dia”, ele gritou, como se não fossem duas da manhã.
“O que está acontecendo?” perguntei, aproximando-me.
“Estamos aqui para acessar a rede elétrica”, ele disse casualmente, como se não fosse nada demais.
Pisquei. “Que fila?”
Ele olhou para uma prancheta. “A linha principal passa logo abaixo da faixa ao lado da sua casa. Conseguimos autorização. A documentação da servidão foi aprovada na semana passada.”

Uma mulher séria conversando com um trabalhador da construção civil | Fonte: Midjourney
Ele apontou para o local onde eu tinha acabado de plantar calêndulas. Olhei para o chão. Depois, olhei para a cerca.
Percebi.
Carl não moveu a cerca para ser gentil. Ele a moveu para abrir espaço. A fiação elétrica estava muito próxima da linha original da cerca. Ao movê-la de volta, ele limpou o lado dele — e empurrou o problema para o meu.
Virei-me lentamente. Lá estava Carl, parado na beira da garagem, de braços cruzados.

Um homem sorridente com os braços cruzados | Fonte: Pexels
Ele sorriu.
“Bom dia”, ele disse.
Eu deveria ter ficado com raiva. Deveria ter gritado, berrado, chamado a polícia. Mas não chamei. Porque eu já tinha previsto isso.
Três meses antes, notei Carl andando por aí com papéis enrolados debaixo do braço. Ele não era nada discreto. Passava horas andando de um lado para o outro na entrada da garagem, medindo, resmungando, andando de novo.

Um homem segurando uma fita métrica | Fonte: Pexels
Um dia, dei uma olhada. Uma planta. Pareciam planos para uma expansão de garagem — enorme. Maior do que qualquer outra coisa na vizinhança.
Pesquisei um pouco. Consultei o site de zoneamento da cidade. O pedido dele estava lá. Pendente.
Então li cada linha. E encontrei algo. A proposta de construção ia direto para a servidão de utilidade pública. Violava os códigos de retrocesso. Duas vezes.
Então, registrei uma queixa. Discretamente. Com meu nome, mas sem alarde. Apenas fatos.

Uma mulher preenchendo papelada | Fonte: Pexels
A cidade marcou para revisão. Não disse nada ao Carl. Só esperei.
Agora, parado ali na chuva, percebi que ele tinha tentado se antecipar. Mover a cerca, começar o trabalho e se antecipar à fiscalização.
Mas a cidade não estava tão lenta assim. Os caminhões não passaram do segundo dia.
Os fiscais da cidade chegaram menos de 48 horas depois. Dois homens com jaquetas e botas pesadas, pranchetas nas mãos.

Um inspetor de construção | Fonte: Pexels
Eles caminharam pelo local, fizeram algumas perguntas a Carl e depois acenaram um para o outro.
Naquela tarde, havia fita vermelha na entrada da garagem de Carl.
“TRABALHO NÃO AUTORIZADO – ORDEM DE PARADA” estava estampado nas placas.
Os caminhões partiram um por um. Silenciosamente. Sem barulho. Sem drama.
Carl não me dirigiu uma palavra. Nem um olhar.

Um homem maduro e irritado | Fonte: Pexels
Mais tarde naquela noite, eu o vi parado na garagem. Luzes apagadas. Apenas olhando pela janela.
Já faz alguns meses.
Os caminhões nunca mais voltaram. A burocracia desbotou ao sol e depois desapareceu. Carl nunca mais tentou construir. Ele nem sequer consertou o pedaço de cascalho onde deveria ficar a fundação.

Um pedaço de cascalho no quintal | Fonte: Midjourney
Eu ainda o vejo às vezes. Ele rega o gramado cedo, como sempre. Mantém a cabeça baixa. Não conversamos. Não discutimos. Nós apenas… coexistimos.
E isso é o suficiente.
A faixa de terra pela qual lutamos por sete anos? Agora é minha. Oficialmente. Em segredo. Sem outra audiência judicial ou outra carta raivosa.

Um recanto de jardim | Fonte: Pexels
Plantei lavanda na borda. Algumas roseiras. O banco está lá, bem no centro. Sento-me nele quase todas as manhãs, com uma xícara de café na mão e o sol no rosto.
É engraçado. Eu costumava pensar que a luta era por terra, por limites de propriedade e cercas. Mas, na verdade, era por controle. Por paz.
E finalmente tenho o meu.

Uma mulher plantando flores | Fonte: Pexels
Carl pode nunca dizer isso em voz alta, mas acho que ele sabe. Ele perdeu a luta porque tentou vencê-la da maneira errada.
Talvez ele tenha aprendido alguma coisa. Talvez não. Não importa mais. Porque esta manhã, os pássaros estão cantando, as flores estão desabrochando, e aquele banquinho?
É o melhor lugar do quarteirão.
“Finalmente encontrei paz — e um lugar perfeito para aproveitar meu café da manhã.”

Uma mulher feliz no jardim | Fonte: Pexels
Após uma forte tempestade, Nancy tropeça em algo inesperado em seu jardim. À medida que investiga mais a fundo, ela se vê envolvida em um mistério envolvendo seu vizinho de confiança, Carl. O que ela descobre desafia tudo o que ela pensava saber.
Esta obra é inspirada em eventos e pessoas reais, mas foi ficcionalizada para fins criativos. Nomes, personagens e detalhes foram alterados para proteger a privacidade e enriquecer a narrativa. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência e não é intencional do autor.
O autor e a editora não se responsabilizam pela precisão dos eventos ou pela representação dos personagens e não se responsabilizam por qualquer interpretação errônea. Esta história é fornecida “como está” e quaisquer opiniões expressas são dos personagens e não refletem a visão do autor ou da editora.
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