
O Silver Ridge Equestrian Showcase fervilhava de entusiasmo. As pessoas lotavam as arquibancadas, com os olhos fixos na enorme arena onde o garanhão selvagem, Thunder, estava sendo mantido. O cavalo, uma verdadeira força da natureza, era tudo menos manso. Musculoso, negro como a meia-noite, com um bufo feroz e olhos que ardiam com um espírito ardente, Thunder era tão indomável quanto as planícies de Nevada de onde viera. Durante dias, os treinadores tentaram de tudo para domá-lo. Cordas, chicotes e até tranquilizantes, mas nada funcionou.
Hum, Thunder se recusou a se submeter, sua natureza selvagem era forte demais para ser contida. Ele chutava, empinava e se recusava a ser dominado por qualquer pessoa ou coisa. O locutor riu secamente ao microfone.
Senhoras e senhores, este tem um coração de aço. Dizem que ele não se curva a ninguém. Vamos ver se é verdade.
A multidão soltou uma mistura de risos e suspiros, sabendo que o garanhão era um espetáculo para se assistir, mas impossível de controlar. Era uma demonstração emocionante de poder bruto, mas também um lembrete da natureza selvagem e indomável de algumas criaturas. No entanto, a multidão estava prestes a testemunhar algo que os deixaria de queixo caído.
Algo que ninguém poderia ter previsto. Do canto da arena, um adolescente em uma cadeira de rodas apareceu lentamente. Seu nome era Julian Price.
Sua aparição foi um choque para todos. Julian, um jovem de 17 anos que já havia sido campeão, estava agora paralisado, resultado de um brutal acidente de quadriciclo dois anos antes. Seu corpo, antes tão cheio de vida e energia, estava agora preso a uma cadeira de rodas.
A mesma energia, a mesma coragem que um dia o definiram, pareciam perdidas, soterradas pelo peso do trauma. Conforme Julian se aproximava do ringue, os murmúrios começaram. Sussurros se espalharam como fogo pela multidão.
Eles não conseguiam acreditar no que estavam vendo. O que esse garoto vai fazer?, murmurou uma pessoa. Ele nem consegue andar.
Ele não vai chegar perto daquele cavalo. Juliano não pareceu notar o riso ou a incredulidade nos olhos dos espectadores. Sua mãe, caminhando ao lado dele, o olhava com uma expressão esperançosa, porém cautelosa.
Ela o trouxera a este evento na esperança de que isso pudesse animá-lo e lembrá-lo da vida que um dia tivera. Ela esperava que ele encontrasse uma faísca, algo que o tirasse do lugar escuro e silencioso para onde se refugiara. Mas Julian não demonstrara interesse em nada, até então.
Ele se virou para a frente, sem se deixar abater pelos sorrisos e sussurros, e parou do lado de fora da arena. Suas mãos agarraram os braços da cadeira, os nós dos dedos brancos pela força. Não havia hesitação em seus olhos enquanto encarava o garanhão selvagem.
As pessoas nas arquibancadas assistiam com a respiração suspensa, a energia no ar carregada de descrença. O locutor, sentindo a estranha tensão no ar, acrescentou: Bem, pessoal, temos uma surpresa de verdade. Parece que o garoto quer uma chance de brilhar.
O que vocês acham, pessoal? Uma risada irrompeu da plateia. Seguida por mais alguns comentários desdenhosos. “Isso vai ser bom”, riu alguém.
Mas Julian já estava se movendo, levantando a mão. Os murmúrios ficaram mais altos. Não era mais apenas descrença.
Era uma mistura de ceticismo, descrença e talvez até um toque de divertimento. Julian não deixou a dúvida abalar sua determinação. Olhou para o garanhão e falou, com a voz calma, mas firme.
Eu sei como é perder o controle. Era uma coisa estranha de se dizer a um cavalo. Mas naquele momento, não se tratava de controle.
Não se tratava de um trovão devastador. Era algo mais profundo, algo que ninguém conseguia entender ainda. A multidão, agora silenciosa, assistia em silêncio atordoado enquanto Trovão virava a cabeça bruscamente em direção ao garoto na cadeira de rodas.
Ele bufou e bateu os cascos, o chão tremendo sob seus pés. Julian permaneceu imóvel, com os olhos fixos no cavalo selvagem. Não gritou ordens, não tentou forçar Trovão à submissão.
Em vez disso, ele esperou, e o ar pareceu ficar mais denso. A multidão estava completamente cativada agora. Trovões o cercavam, movendo-se com passos bruscos e imprevisíveis.
Mas Julian não se mexeu. Seu rosto permaneceu calmo, os olhos fixos no cavalo. Então, num momento que pareceu se estender para sempre, o Trovão parou.
Ele abaixou a cabeça lentamente, centímetro por centímetro, até que o enorme garanhão estivesse ajoelhado diante de Julian. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. A multidão, que estivera na ponta dos assentos, agora estava completamente imóvel.
Os murmúrios céticos cessaram, substituídos por olhares atônitos e boquiabertos. Ninguém se moveu. Ninguém ousou respirar.
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