
Quando entrei naquele abrigo, não esperava tomar uma decisão que custaria meu casamento. Mas, quando me ajoelhei diante daquela velha cadela frágil, soube de uma coisa: ela precisava de mim. E talvez eu também precisasse dela.
Greg e eu tentávamos preencher o silêncio do nosso casamento há anos. Estávamos juntos há mais de uma década, mas depois de cada visita médica, cada teste confirmava o que já temíamos — não, você não pode ter filhos.

Um casal consultando seu médico | Fonte: Pexels
Chegamos a um ponto em que Greg e eu paramos de falar sobre isso. Ainda assim, a tristeza se instalou entre nós como um convidado indesejado. Nós nos movemos um ao redor do outro, lado a lado, mas a quilômetros de distância, ambos tentando fingir que não estávamos quebrando.
Então, uma noite, enquanto estávamos sentados um de frente para o outro na penumbra da cozinha, eu disse: “Talvez devêssemos adotar um cachorro”.
Greg levantou os olhos do prato, nada impressionado. “Um cachorro?”
“Algo para amar”, eu disse suavemente. “Algo para preencher o silêncio.”
Ele exalou, balançando a cabeça. “Tudo bem. Mas não estou lidando com uma coisinha chata.”
Foi assim que acabamos no abrigo local.

Cães em abrigo de animais | Fonte: Pexels
No momento em que entramos, o caos nos recebeu — dezenas de cães latindo, rabos batendo, patas arranhando suas gaiolas. Todos eles queriam atenção. Todos, menos um.
No canil mais distante, encolhida nas sombras, estava Maggie.
Ela não fez nenhum som. Seu corpo frágil mal se mexeu quando me ajoelhei ao lado das barras. Seu pelo era irregular, suas costelas visíveis, e seu focinho grisalho descansava em suas patas como se ela já tivesse aceitado seu destino.
A etiqueta na porta dela fez meu peito apertar.
Cão idoso – 12 anos – Problemas de saúde – Somente adoção em hospício.

Um cão numa gaiola | Fonte: Pexels
Senti Greg enrijecer ao meu lado. “Ah, vamos lá”, ele zombou. “Não vamos levar essa .”
Mas eu não conseguia desviar o olhar. Seus olhos castanhos cansados encontraram os meus, e seu rabo deu um leve abanar.
“Este aqui”, sussurrei.
A voz de Greg era cortante. “Você está brincando, certo? Clara, esse cachorro já está na metade do túmulo.”
“Ela precisa de nós.”
“Ela precisa de um veterinário e de um milagre”, ele retrucou. “Não de um lar.”
Virei-me para encará-lo completamente. “Eu posso fazê-la feliz.”

Um casal tendo um pequeno desentendimento em um abrigo para cães | Fonte: Midjourney
Greg soltou uma risada amarga. “Você a traz para casa, eu vou embora. Não vou ficar sentado aqui e assistir você ficar obcecado por um cachorro morrendo. Isso é patético.”
Fiquei atordoado. “Você não quis dizer isso.”
“Eu aceito”, ele disse friamente. “É ela ou eu.”
Eu não hesitei.

Um casal tendo um pequeno desentendimento em um abrigo para cães | Fonte: Midjourney
Greg já estava fazendo as malas quando carreguei Maggie para casa.
Quando entramos, ela hesitou na porta, seu corpo frágil tremendo enquanto ela observava seu novo entorno. Suas patas estalavam suavemente contra o piso de madeira, e ela olhou para mim como se perguntasse: Isso é realmente meu?
“Está tudo bem”, sussurrei, ajoelhando-me ao lado dela. “Nós vamos descobrir.”
Greg passou por nós como um furacão, arrastando sua mala atrás de si. “Você perdeu, Clara.” Sua voz era cortante, mas havia algo mais por baixo — algo quase desesperado. “Você está jogando tudo fora por aquele cachorro.”

Um homem em pé ao lado de sua mala dentro de casa | Fonte: Midjourney
Não respondi. O que havia para dizer?
A mão dele pairou na maçaneta por um momento, esperando. Esperando que eu o parasse. Esperando que eu dissesse que você está certo, volte. Em vez disso, peguei a coleira de Maggie e a soltei.
Greg soltou uma risada sem humor. “Inacreditável.” E então ele se foi.
A porta bateu, e a casa ficou em silêncio novamente. Mas pela primeira vez, o silêncio não pareceu tão vazio.

Um homem empurrando sua mala ao sair de casa | Fonte: Midjourney
As primeiras semanas foram brutais.
Maggie estava fraca e, em alguns dias, mal tocava na comida. Passei horas pesquisando refeições caseiras, misturando alimentos macios e persuadindo-a a comer com sussurros gentis e paciência. Massageei suas articulações doloridas, enrolei-a em cobertores e a deixei dormir enrolada ao meu lado no sofá.
Enquanto isso, a realidade do meu casamento se desintegrando atingiu como um lento desastre de trem. Quando os papéis do divórcio chegaram, eu ri primeiro. Uma risada amarga e descrente. Ele está realmente falando sério.
Então eu chorei.

Uma mulher chorando | Fonte: Midjourney
Mas Maggie estava lá. Ela acariciava minha mão quando eu soluçava no meu café e descansava sua cabeça no meu colo quando a casa parecia grande demais. E com o tempo, algo mudou.
Ela começou a comer mais, e seu pelo, antes opaco e irregular, ficou mais brilhante. E uma manhã, quando eu alcancei sua coleira, ela abanou o rabo.
“Quer dar uma caminhada hoje?”, perguntei.
Ela soltou um latido suave — o primeiro que ouvi dela.
Pela primeira vez em meses, sorri.
Estávamos nos curando. Juntos.

Mulher criando vínculos com seu cachorro | Fonte: Midjourney
Seis meses depois, eu estava saindo de uma livraria, com um café em uma mão e um romance na outra, quando quase colidi com alguém.
“Clara”, disse uma voz familiar.
Eu congelei.
Grego.
Ele ficou ali, sorrindo como se estivesse esperando por esse momento. Vestido bem demais para um passeio casual, sua camisa impecável, seu relógio brilhando. Ele me olhou de cima a baixo como se estivesse avaliando as decisões da minha vida em um olhar.

Um homem de aparência malvada em traje casual elegante conversando com uma mulher do lado de fora de uma livraria | Fonte: Midjourney
“Ainda sozinho?”, ele perguntou, seu tom pingando com falsa pena. “Como está seu cachorro?”
Havia algo cortante em suas palavras, uma crueldade que fez meu estômago revirar.
Eu respondi calmamente: “Maggie?”
“Sim, Maggie.” Ele cruzou os braços. “Deixe-me adivinhar. Ela se foi, não foi? Todo esse esforço por uma cadela que mal durou alguns meses. Valeu a pena?”
Olhei para ele, atordoada — não por sua audácia, mas pelo quão insignificante ele havia se tornado para mim.

Uma mulher falando com um homem de aparência malvada do lado de fora de uma livraria | Fonte: Midjourney
“Você não precisa ser tão insensível, Greg.”
Ele deu de ombros. “Estou apenas sendo realista. Você desistiu de tudo por aquele cachorro. Olhe para você agora. Sozinho, miserável. Mas, ei, pelo menos você conseguiu bancar o herói, certo?”
Eu exalei lentamente, segurando meu café só para manter minhas mãos firmes. “O que você está fazendo aqui, Greg?”
“Ah, vou me encontrar com alguém.” Seu sorriso se alargou. “Mas não resisti em dizer olá. Sabe, você estava tão obcecada por aquele cachorro que nem percebeu o que eu estava escondendo de você.”
Um peso frio se instalou em meu peito. “Do que você está falando?”

Pessoas conversando do lado de fora de uma livraria | Fonte: Midjourney
Seu sorriso se aprofundou. “Digamos que eu não fiquei exatamente de coração partido quando você escolheu o cachorro naquele dia. As coisas já tinham acabado há um tempo. Foi só uma saída conveniente.”
Antes que eu pudesse responder, uma mulher caminhou até ele — jovem, deslumbrante, o tipo de beleza sem esforço que fez minha respiração falhar. Ela deslizou seu braço pelo dele sem hesitação, inclinando sua cabeça para mim como se eu fosse uma curiosidade passageira.
O chão parecia ter se movido abaixo de mim. Mas antes que eu pudesse processar a picada, uma voz familiar cortou o momento.

Um homem se aproximando de uma livraria pelo lado de fora | Fonte: Midjourney
“Oi, Clara. Desculpe, estou atrasado.”
O sorriso irônico de Greg desapareceu. Seus olhos passaram por mim.
Eu me virei e, de repente, não fui eu quem foi pego de surpresa.
Lá estava o Mark.
Ele andou até lá, deslizando sem esforço para o momento como se pertencesse ali. Em uma mão, ele segurava uma xícara de café. Na outra? A coleira de Maggie.

Um homem do lado de fora de uma livraria segurando uma xícara de café em uma mão e uma coleira de cachorro na outra | Fonte: Midjourney
Ela não era mais a cadela frágil e quebrada que eu havia carregado para fora do abrigo todos aqueles meses atrás. Seu pelo brilhava na luz do sol, seus olhos brilhavam com vida, e seu rabo abanava furiosamente enquanto ela saltava em minha direção.
Mark me entregou o café com um sorriso e se inclinou para me dar um beijo na bochecha.
O queixo de Greg caiu. “Espera… isso é…”
“Maggie”, eu disse, coçando atrás de suas orelhas enquanto ela se inclinava para mim. “Ela não vai a lugar nenhum.”
Greg piscou, sua boca abrindo e fechando como se estivesse tentando encontrar palavras que não saíam. “Mas… como ela está…?”

Foto de perto de um cão saudável | Fonte: Pexels
“Ela está prosperando”, eu disse, levantando-me. “Acontece que tudo o que ela precisava era de amor e cuidado. Engraçado como isso funciona, não é?”
Eu podia ver em seu rosto — a descrença, a luta para processar a realidade diante dele. O cachorro que ele havia descartado como uma causa perdida estava vivo e feliz. E eu também.
Mark, imperturbável pela tensão, me entregou a guia. “Pronto para ir ao parque?”, ele perguntou, sua voz leve, seus olhos apenas em mim.
A expressão de Greg escureceu enquanto ele olhava entre nós dois. Seu orgulho estava ferido, e seu controle sobre a narrativa caiu.

Um homem mau com cara de culpado | Fonte: Midjourney
“Isso é… ridículo”, ele murmurou.
“Você está certo”, eu disse, encontrando seu olhar sem pestanejar. “O que é ridículo é você achar que eu me arrependeria de deixar você ir.”
O rosto dele se contorceu de raiva, mas eu não me importei. Ele saiu imediatamente furioso, sua nova namorada o seguindo, mas eu não os vi indo embora.
Em vez disso, virei-me para Mark, apertando sua mão enquanto Maggie se inclinava sobre minha perna, seu rabo balançando alegremente.
“Pronto?”, ele perguntou, apontando para o parque.
Eu sorri. “Mais do que nunca.”

Casal passando tempo de qualidade no parque | Fonte: pexels
Seis meses depois, estávamos de volta ao mesmo parque, mas dessa vez tudo parecia diferente.
O sol estava baixo, lançando luz dourada sobre a toalha de piquenique onde Mark e eu estávamos sentados. Maggie trotou em minha direção, com algo amarrado em sua coleira.
Franzi a testa. “Maggie, o que é isso?”
Mark sorriu. “Por que você não verifica?”
Desamarrei a caixinha, meus dedos tremendo. Antes que eu pudesse processar, Mark estava de joelhos.
“Clara”, ele disse suavemente. “Você quer se casar comigo?”
Olhei para Maggie, que abanava o rabo como se ela mesma estivesse planejando esse momento.
Eu ri em meio às lágrimas. “Claro.”

Casal sentado em uma esteira de piquenique com um cachorro | Fonte: Pexels
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Este trabalho é inspirado em eventos e pessoas reais, mas foi ficcionalizado para fins criativos. Nomes, personagens e detalhes foram alterados para proteger a privacidade e melhorar a narrativa. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência e não intencional do autor.
O autor e a editora não fazem nenhuma reivindicação quanto à precisão dos eventos ou à representação dos personagens e não são responsáveis por nenhuma interpretação errônea. Esta história é fornecida “como está”, e quaisquer opiniões expressas são as dos personagens e não refletem as opiniões do autor ou da editora.
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